Resenha: End of Existence – The Browning

ilustração de um dragão soltando uma rajada de fogo pela boca contra uma figura humana, que resiste. O logo da banda aparece no canto superior esquerdo e o nome do disco vem no rodapé, ao centro.

Reprodução da capa do álbum (© Spinefarm Records)

Na reta final de 2021, o quarteto estadunidense de electronicore The Browning chega com End of Existence, sucessor do bom Geist (clique aqui para conferir minha resenha a respeito).

Claramente evoluindo do som do álbum de 2018, o grupo mergulha fundo numa atmosfera bem peculiar em que as fronteiras do gênero são rompidas para propiciar uma fusão com metal industrial e extremo.

A evolução não se traduziu em diversidade, e a banda ainda soa um tanto repetitiva, dando-nos a impressão de que ouvimos a mesma música várias vezes. Contudo, a atmosfera apocalíptica/distópica do disco – a começar por seu título, que pode ser traduzido como “Fim da Existência” – cria um fator de coesão que atenua a pouca criatividade entre as peças que compõem a obra.

Mas ainda temos aqueles momentos que fogem da curva, como “Torment” e o encerramento “Fearless”, com investimentos mais fartos em EDM, e “Cataclysm”, um bem-vindo instrumental.

End of Existence torna o The Browning uma porta de entrada interessante para o mundo do electronicore na medida em que adota uma sonoridade que foge do óbvio, ainda que pouco variada (até para os padrões do gênero). Soa até como um disco de transição, com os caras adentrando mais profunda e confiantemente terrenos antes explorados de forma mais superficial. Quem sabe o que o futuro lhes reserva?

Avaliação: 4/5.

Abaixo, o lyric video da faixa título:

Resenha: Geist – The Browning

reprodução da capa de 'Geist', do The Broning. Trata-se de uma ilustração com um rosto fantasmagórico nos céus composto por nuvens roxas enquanto uma figura humanoide caminha em um chão árido de cor verde em direção a ela, com o nome da banda e do álbum no canto superior esquerdo

Reprodução da capa do álbum (© Spinefarm Records)

E eis que o The Browning, expoente do electronicore, chega ao seu quarto lançamento de estúdio, Geist. Boa parte do processo de criação do disco foi sendo exibido ao vivo para os fãs por meio de lives no Twitch; um passo além daquelas sessões de estúdio que outras bandas vivem postando no Facebook e no YouTube (e que já são bem bacanas para aproximar os fãs da jornada que é escrever, gravar, editar e lançar um álbum).

O trabalho ficou bem distante da promessa feita pelo quarteto estadunidense de que este seria “de longe o nosso lançamento mais dinâmico em termos sonoros”. A impressão que se tem é a de se estar ouvindo diversas variações de uma mesma música. Nem o tom muda: as guitarras e o baixo demonstram um certo fetiche pela nota si.

Mas há momentos que fogem ao padrão, como “Awaken the Omega” e “Skybreaker”, com ênfase em vocais limpos e na parte eletrônica; “Carnage”, com a participação do rapper Jake Hill; e a faixa título, com parte das letras cantadas em alemão pelo convidado Paul Bartzsch, do We Butter the Bread With Butter.

Por outro lado, a boa notícia é que o The Browning é um grupo de alto nível. Logo, um disco repetitivo deles pecará por essa falta de variabilidade, mas nunca pela qualidade do som. Não são músicos que precisem provar para alguém se são ou não competentes nesse gênero que vem ganhando força nos últimos anos.

Geist é um bom álbum para qualquer fã médio do electronicore, e não deixa de ser um item interessante para apresentar alguém à banda. Mas daqui a uns 10 anos, sua relevância pode acabar dissipada, diluída na boa discografia dos rapazes.

Nota = 4/5

Abaixo, o clipe de “Final Breath”:

Resenha: Cold Like War – We Came as Romans

Reprodução da capa do álbum (© SharpTone Records)

Depois de lançar um chato álbum autointitulado (resenhado neste blog), o sexteto estadunidense We Came as Romans aparenta querer voltar para o bom electronicore em Cold Like War, seu quinto lançamento de estúdio, e o primeiro pela SharpTone e com o baterista David Puckett.

A abertura “Vultures with Clipped Wings” empolga – mas a primeira música do disco anterior fazia o mesmo e suas sucessoras colocavam a expectativa gerada a perder. Não é o que acontece aqui, pois depois dela, temos a também ótima faixa título. E, no decorrer da tracklist, teremos mais ótimos momentos como “Foreign Fire”, “Wasted Age” e “Encoder”.

Mas a aventura pop não ficou no passado. Praticamente todo o álbum passeia livremente entre o pop e o metal, variando a dosagem de cada um dos gêneros conforme a faixa – lembrando que o electronicore mistura metal com eletrônico, não necessariamente com pop. A qualidade delas também varia, indo do ótimo ao descartável, como a fraca “Promise Me”. É a banda em processo de busca por um som próprio – ou pelo menos é isso o que ela dizia ao divulgar o novo trabalho.

Na tentativa de fugir de simplismos, não vou me limitar a colocar as peças mais puxadas para o metal ou para o pop em duas pontas de uma gangorra, ver qual lado pesa mais e usar isso com critério principal para avaliar a obra como um todo. Limitar-me-ei a louvar a recuperação das raízes antes abandonadas e reconhecer o esforço do grupo em experimentar variações dentro do gênero.

Nota = 4/5. Mesmo que Cold Like War não seja uma pérola, já é um grande alento ver que o We Came as Romans pulou fora da barca furada que é a “linkinparkização” do electronicore. Entende-se que o disco anterior foi, realmente, apenas uma fase. Quem sabe eles não sejam imitados por outras bandas que trilhando o mesmo caminho perigoso, como o I See Stars e o Asking Alexandria (este último, por exemplo, acabou de lançar um trabalho bem fraquinho e representativo dessa tendência).

Abaixo, o vídeo de “Cold Like War”: