Resenha: The Battle at Garden’s Gate – Greta Van Fleet

a capa é um quadrado preto com o desenho simples de uma espécie de portal feito com riscos dourados. O nome do disco aparece no rodapé, centralizado

Reprodução da capa do álbum (© Lava Records/Republic Records)

Quando conheci o quarteto estadunidense Greta Van Fleet, eu fui mais simpático que a horda de roquistas que ficaram enfurecidos com a suposta tentativa deles de copiar uma certa lenda inglesa. Limitei-me a defini-los como “a banda que surgiu para responder aquela pergunta que ninguém nunca fez: ‘Como o Led Zeppelin soaria se Andrew Stockdale voltasse no tempo e tomasse o lugar de Robert Plant?'”.

Brincadeiras à parte, é fato que eles são um dos nomes mais interessantes a surgirem no rock na última década. Não são, absolutamente, a “salvação” do gênero – se é que ele precisa de uma. Tanto que considerei a premiação deles no Grammy uma grande derrota para o rock, pois passou um recado bem infeliz às bandas contemporâneas: não tentem fazer um som diferente daquele feito pelos nomes tradicionais.

Mas o talento dos quatro jovens é inegável e está acima da crítica. E o segundo disco cheio deles, The Battle at Garden’s Gate, veio para reforçar isso e para afastá-los da estigma de “cópia do Led Zeppelin”.

Escrito já com essa meta em mente, o álbum traz nada menos que 12 exemplos de que o grupo com certeza é capaz de produzir algo mais autêntico, porém sem deixar de beber do rock setentista até entrar em coma alcoólico.

A abertura “Heat Above” já anuncia isso, e ainda traz belas passagens de um órgão que não sobraria se fosse entregue a um quinto membro e consequentemente incorporado ao som usual deles.

Depois de uma sequência de rock da mais alta estirpe, temos algumas “arriscadas”, como as baladas “Tears of Rain” e “Light My Love” – sendo a primeira, profunda e emotiva, bem mais interessante que a segunda, genérica e abaixo da média do grupo.

Há alguns momentos sensivelmente soturnos na obra, como “Age of Machine”, embora ainda fique bem distante do que eu esperava após a banda prometer um álbum mais “sério”. Essa seriedade, segundo eles, era consequência de turnês mundiais que lhes permitiram testemunhar algumas “mazelas” do planeta.

Os ecos de Led Zeppelin ainda são fortes, é verdade (“Built My Nations”, por exemplo), mas o movimento deles em direção à “emancipação sonora” é claro e muito mais nítido do que aquele feito pelo quarteto australiano Airbourne, por exemplo (os coitados são até hoje acusados de copiar o AC/DC).

Independentemente da altura em que você trace a linha que separa “influência” de “cópia”, essa sua linha não consegue riscar o Greta Van Fleet do mapa de grandes nomes contemporâneos. E se The Battle at Garden’s Gate não te convencer de que essa galera verdadeiramente presta, nada mais o fará.

Avaliação: 5/5.

Abaixo, o clipe de “My Way, Soon”:

Deixe um comentário