Resenha: Casa Francisco – Francisco, el Hombre

ilustração simples de uma casa centralizada em um fundo amarelo, com o nome do disco logo abaixo

Reprodução da capa do álbum (© ONErpm)

Depois de um trabalho elétrico, enérgico e urgente, o quinteto mexicano-brasileiro Francisco, el Hombre dá uma respirada e chega na reta final da pandemia (oremos) com Casa Francisco, “o disco mais Francisco, el Hombre de todos” – segundo eles mesmos.

Com efeito, a obra soa um tanto introspectiva, não no sentido de que as letras sejam exclusivamente reflexivas ou algo do tipo, mas simplesmente porque parece realmente o resultado que se esperaria dos integrantes após decidirem se reunir num sítio para criar música juntos. E olha que parte das sessões foram transmitidas pela internet num formato de “reality show” (Casa Francisco >>> BBB). Uma maneira e tanto de iniciar a estadia da baixista Helena Papini, que substituiu Rafael Gomes.

O lançamento mescla a energia, o calor e a juventude do RASGACABEZA (clique aqui para conferir minha resenha a respeito) com a organicidade e a simplicidade dos primeiros trabalhos (que incluem SOLTASBRUXA, também resenhado por mim aqui).

Isso se traduziu em uma mistura de canções mais inocentes e contemplativas como “Ocê” e “Arbolito”, que são daquelas para tocar pro seu chamego, ou então as faixas mais “carnavalescas”, que você vai pedir a cabeça deles caso não toquem nos shows: “Olha a Chuva” (com a providencial participação da paraense Done Onete), “Coração Acorda” (enriquecida pela participação de Josyara), “Arrasta” (em que o timbre inconfundível de Céu surpreende muito positivamente) e a abertura “Loucura”, talvez a letra mais motivacional que o quinteto já escreveu.

E, claro, temos aquelas que nos convidam à reflexão, como “Se Nâo Fosse por Ontem”, com Rubel; e “Solo Muere el Que Se Olvida”, com a banda catalã La Pegatina. E todas soam “coletivas”, isto é, é como se os cinco integrantes assinassem embaixo de cada verso.

Pudera, muitos deles aproveitaram a pandemia para iniciar seus projetos solo, em que podiam canalizar suas individualidades criativas: o violonista/vocalista Mateo Piracés Ugarte criou o Baby com sua companheira Luê; o vocalista/baterista e irmão de Mateo, Sebastián, já pariu dois discos com seu projeto Sebastianismos; e a vocalista/percussionista Juliana Strassacapa prepara seu primeiro álbum como Lazúli.

O “disco mais Francisco, el Hombre de todos” talvez não seja o melhor de todos – a simplicidade dos arranjos é muito sentida após a densidade do RASGACABEZA -, mas é com certeza o cartão de visitas mais eficaz que eles poderiam conceber. Se alguém pedir a você, fã, uma introdução a este grupo, pode mandar Casa Francisco de olhos fechados.

Avaliação: 4/5.

Abaixo, a faixa “Loucura”:

Uma resposta para “Resenha: Casa Francisco – Francisco, el Hombre

  1. Pingback: Resenha: De Lua – LAZÚLI | Sinfonia de Ideias

Deixe um comentário