Resenha: Churches – LP

foto de LP em posição de oração com um pássaro vermelho pousado nas mãos ante um fundo escuro.

Reprodução da capa do álbum (© SOTA Records/Dive Alone Records)

A cantora estadunidense LP abre “My Body”, sétima faixa de seu sexto disco de estúdio (objeto desta resenha), com a frase: “Começar de novo, do punk rock à Bossa Nova”. Eu quase digo que ela não estava apenas sendo poética.

Porque uma das razões pelas quais Churches é um dos melhores lançamentos de 2021 é justamente a diversidade de gêneros através da qual suas impressionantes 15 canções passeiam.

A força da abertura “When We Touch” dá o tom deste álbum, mantido na sua sucessora, o single “Goodbye”. “Everybody’s Falling in Love” é só a terceira, mas já surpreende com sua mistura de ukulele com batidas eletrônicas.

“The One That You Love” vem em seguida com outra guinada, agora para o country/southern rock. Essa abordagem meio interiorana continua na seguinte, “Rainbow”, majoritariamente fincada no violão da cantora, e mais tarde em “How Low Can You Go”, cujo clipe filmado no México dá o tom desértico e misterioso da canção. A fusão mexicana volta ainda na boa “Can’t Let You Leave”.

“Conversation” e “Safe Here” adotam uma vibe levemente soturna e urbana, molhando os pezinhos no Coldplay das antigas. E antes de encerrarmos com a autodescritiva “Poem”, deliciamo-nos com a faixa título, uma crítica a religiões disfarçada de declaração de amor que faz dela praticamente a “Take Me to Church” de LP.

O que garante que essa salada musical soe coesa? A incrível voz de LP, que para nosso deleite não se contentou em fazer carreira apenas escrevendo material para os outros (pra quem não sabe, ela assina canções de gente do naipe de Cher, Rihanna, Backstreet Boys e Céline Dion). O som que sai da sua garganta é outro fator que ajuda Churches a ser um discão da porra.

E temos ainda a parte mais importante do catálogo da cantora: a emoção e sinceridade que ela imprime na música que faz. Seja adotando tons festivos e seguros ou melancólicos e vulneráveis, tudo parece ser sempre feito de peito aberto e sem máscaras. Exceto as contra COVID, por favor.

Avaliação: 5/5.

Abaixo, o clipe de “Goodbye”: